
🕳️ A Mola do Fundo do Poço: A Rota Clandestina Para o Triunfo
15 de ago. de 2025
O feed do seu celular é a maior ficção do nosso tempo. Ele vende uma versão polida do sucesso, um espetáculo de vitórias em sequência, onde cada passo parece perfeitamente calculado.
Vemos o brinde, a placa na porta do novo escritório, o gráfico que só aponta para cima. É uma narrativa sedutora e perigosamente falsa. Ela omite o caos, o suor frio, as noites em que a única companhia é a dúvida. Ela esconde a parte mais importante da história, o vale.
Eu decidi escrever sobre isso porque a minha maior transformação não aconteceu em um palco sob aplausos. Aconteceu no silêncio ensurdecedor do fundo do poço. E é de lá, do lugar que todos temem, que vem a força que nenhum curso ou livro pode te ensinar.
Quem é ambicioso e deseja "vencer na vida" ouve histórias de grandes empreendedores e suas conquistas. Mas o foco está sempre no destino, nunca na jornada. É como perguntar a um alpinista sobre a vista do topo, ignorando as tempestades, os dedos congelados e os momentos em que ele quase despencou. O grande segredo não está no cume; está na escalada. E quando olho para mim, consigo enxergar isso com uma clareza que dói..
No início de 2024, eu era o "maluco" que ia de Hortolândia para Campinas todos os dias. Morando com meus pais, apostando tudo em um coworking porque sentia naquele ambiente a aceleração que eu precisava. E funcionou. A Walks saiu do zero para uma estrutura de empresa relativamente grande em seis meses. Logo veio nosso primeiro escritório, uma conquista imensa. Porém, nem tudo são flores, veio o primeiro rompimento com um sócio. Doeu, me baqueou, éramos carne e unha, mas o ecossistema à minha volta me manteve de pé. A gente continuou crescendo.
Até que, em março de 2025, chegamos ao que parecia ser o ápice. O escritório dos sonhos. Era mais que um lugar de trabalho, era um troféu palpável. Uma estrutura grande, em uma localização privilegiada de Campinas, com quintal, área de descompressão... Era o símbolo de que a aposta insana estava se pagando. Era o nosso "final feliz" do primeiro ato.
Mas o universo tem um jeito irônico de testar a fundação do que você constrói. A jornada do empreendedor não se trata de chegar ao topo, mas de aprender a sobreviver às avalanches.
A Queda é um Filtro
O crescimento real é canibal. Ele devora o seu estado atual para criar o próximo. Eu já não pertencia mais a Campinas, meu corpo e alma estavam sendo puxados para o vortex de São Paulo. E, em nome da próxima fase, tomei a decisão mais contraintuitiva de todas: em menos de três meses, entreguei as chaves do nosso pódio. Abandonei o símbolo do sucesso para ir atrás do sucesso de verdade.
E foi aí que o chão se abriu.
Em uma avalanche, tudo desmoronou ao mesmo tempo. Minha avó faleceu. Terminei um relacionamento. Rompi com outro sócio, que se juntou aos fantasmas do meu passado para tentar crescer às minhas custas. Eu estava sozinho em São Paulo, uma cidade que engole quem não tem rumo, depois de ter abandonado o escritório que era a materialização de um sonho.
A crise pessoal sangrou para dentro da empresa. Tivemos que demitir colaboradores que estavam conosco há tempos, e cada demissão era como amputar um pedaço de mim. O fracasso não era mais uma teoria, era o ar que eu respirava. Eu estava no fundo do poço. E o fundo do poço não é um lugar de tristeza. É um lugar de silêncio. O silêncio ensurdecedor de não saber qual o próximo passo. O silêncio de um apartamento vazio em uma cidade que nunca dorme.
O mundo é composto por dois tipos de pessoas. Aquelas que, no fundo do poço, cavam para baixo, se vitimizando, culpando o mundo. E aquelas que usam o chão duro como impulso. Como uma mola.
Adivinha qual desses dois tipos prospera? Ali, naquele apartamento vazio em São Paulo, com a depressão batendo na porta, eu precisei responder a essa pergunta.
A Ignnição
A única saída era para cima. Entenda o seguinte, o fracasso te gera aprendizado. Aprendizado te gera casca. E a casca, aplicada na prática, te aproxima de um sucesso que ninguém pode tirar de você. Porque temer o fracasso, se ele é o único professor que te ensina as lições que realmente importam?
Não foi um insight mágico. Foi uma decisão visceral, quase animal, de lutar. Comecei a fazer o que parecia impossível: me expor. Aceitei todos os convites. Forcei cafés. Fui a cada evento, mesmo sem vontade. Eu precisava me reconectar com o mundo para me reconectar comigo mesmo. Mergulhei no comercial da Walks com a fúria de quem não tem plano B, porque de fato, não havia.
E a energia começou a mudar. A empresa, que é um reflexo do seu fundador, sentiu a virada. A equipe sentiu. As engrenagens, que estavam travadas pela minha própria angústia, voltaram a girar.
Hoje, estamos nos reestabelecendo e mais fortes do que nunca. Estamos lançando uma nova submarca de tecnologia, integrando IA aos e-commerces dos nossos clientes. Eu me encontrei em São Paulo, construí minha rotina, e sinto que estou na melhor fase da minha vida.
Mas que fique registrado, essa fase foi comprada e paga com o preço daquela queda. Ela foi forjada na solidão, na dor e na humilhação de ter que desmontar um pedaço do meu próprio sonho para construir um maior. Eu precisei da porra do fundo do poço.
Agora eu falo com você. Você, aí, polindo seu plano de negócios pela décima vez, esperando o "momento perfeito". Você, que tem medo de receber um "não" e por isso nunca faz a pergunta. A arquibancada está cheia de gente com ótimas ideias. Mas a arena... a arena pertence aos que executam, aos que não têm medo de sangrar. As cicatrizes são um currículo muito mais valioso do que um plano impecável no papel.
Pare de se acovardar. O que, de verdade, você tem a perder? Se você não está disposto a encarar a possibilidade do fracasso, então se contente com uma vida morna. A grandeza é para os destemidos.
A jornada não é uma corrida de 100mts, é a porra de uma ultra-maratona que não tem fim. E os fracassos que você tanto teme não são o fim da linha. São os pontos de inflexão, os momentos que te obrigam a se reinventar. O fundo do poço não é uma cova. É uma trincheira de onde você se lança para o próximo ataque. É um trampolim.
Pedro Assis
CEO & Fundador da Walks
"O sucesso não é final, o fracasso não é fatal: é a coragem de continuar que conta." – Winston Churchill
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